segunda-feira, 29 de junho de 2009

Relembre matéria sobre encontro de motoqueiros em Tiradentes

Seção : ragga - Noticia - 08/05/2009 11:45

Por Vinícius Magalhães - Portal UAI

Alysson Bruno


O que Tiradentes tem a ver com motocicletas? Muito. A bucólica cidade mineira é o palco da já tradicional Bike Fest, encontro nacional de motociclistas, que teve sua 16ª edição realizada na última semana do mês de junho. É a ocasião ideal para os aficionados pelas duas rodas e pelos roncos dos motores deixarem de fazer a barba, usarem aquela surrada jaqueta de couro e incorporar o espírito selvagem.

Chegamos, eu e Alysson Bruno, o fotógrafo, por volta das 23h da sexta-feira. No caminho já se viam as inúmeras motos passar urrando. Os motociclistas, com cabelos e barbas compridas ao vento, não pareciam sentir o bafo gelado do tempo, que é característico de Tiradentes. A cidade estava entupida de motos, das luxuosas e raras às mais fuleiras. O ritmo do lugar misturava blues, cerveja e o estampido cavernoso dos motores. De acordo com a Secretaria de Turismo, de 20 a 30 mil pessoas passaram pelo lugar e 100 % das pousadas estavam ocupadas.

Alysson Bruno



De manhã, o buzinaço abafava o canto dos pássaros e me despertou. Cheguei à Praça da Rodoviária a tempo de avistar uma “tropa” trocar seus veículos por um clássico passeio de maria-fumaça. A motociclista Ana Cláudia Oliveira, de Mogi Mirim, chegou pela primeira vez a Tiradentes, cheia de filosofia: "A moto é a sensação de ser eternamente jovem", afirmou, aos berros, disputando com o apito do trem.

A multidão continuava esparramada pelas ruas. Um dos destaques, enquanto eu andava pelo evento, estava escornado em frente a um bar, perto de seu triciclo realmente diferente. Nele, estavam dependurados mais de 10 dentaduras (vai saber de quem), vários crânios de animais e uma múmia, na traseira. O piloto é Jeferson Mendes, ou Jefinho, que desde 1997 participa do encontro. Não demorou a nos contar um “causo” de amor pelo triciclo. "Quando me separei, disse à minha esposa que eu abriria mão de tudo menos do triciclo", relata.
O contraste entre a cidade do século XVII, o seu clima, o povo e o bando de marmanjos ao estilo Easy Rider dá um charme a mais ao local. Até para a estudante de psicologia Danielle Lopes, que não é fã de motos, a diversão é garantida. "Venho para encontrar amigos e apreciar o movimento", ressalta.

Alysson Bruno



Havia exposições da Harley Davidson, vendas de roupas e acessórios de motos, souvenires (de soco inglês e spray de pimenta a ímã de geladeira), entre outros achados. A diversão não ficava somente nas belíssimas motocicletas. Apesar de quase ter sido atropelado umas três vezes, dava para rir dos tombos dos loucos, bêbados e excêntricos motociclistas que rodavam ali.

A organizadora do Bike Fest, Jaqueline Berger, também motociclista, contou que o evento começou com encontro de Harleys (ainda, a grande maioria em Tiradentes), com 56 motos. Hoje, reúne gente de todo o Brasil. Quando perguntei sobre a sensação do ronco dos motores, ela resumiu: "É o que dá mais prazer. Um motor que não tem barulho não tem graça". Até o secretário de Turismo, Sebastião Gomes, mais conhecido como Jacó, é admirador de motos. "Eu tenho uma moto pequena, desde 1934, chama-se liquidificador", revela Jacó. Segundo ele, o evento é um dos mais importantes da cidade, ficando atrás somente do de gastronomia e de cinema.

Após o bate-papo, já era hora de ouvir o que estava programado para a noite: um psicodélico blues, agudo e incrível. A música rolou solta e o álcool também. O jeito se mexer para esquentar o corpo. Depois da balada, despedi-me do festival e da encantadora cidade. No trajeto, vim pensando: se o alferes Tiradentes estivesse vivo até hoje, olhando bem seu estilão, ele bem se enquadraria como um motociclista. Acho que até seria um.

Fonte: Portal UAI


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